O escracho aconteceu de forma pacifica, os estudantes fizeram um velório simbólico com velas acesas e imagens dos militantes assassinados em forma de cruz, ao mesmo tempo em que proferiam palavras de ordem que reivindicavam a revisão da Lei da Anistia, a fim de que os crimes da ditadura sejam punidos, e que o alvo do protesto indicasse os possíveis locais nos quais pudessem ser encontrados os restos mortais dos desaparecidos.
Em seguida, familiares do torturador saíram pelo portão e começaram a agredir verbalmente os manifestantes, chamando-os de “terroristas”, “comunistas”, “subversivos” e “genocidas”, e começaram a rasgar e queimar os materiais do protesto. Sem a intenção de provocar violência, entendendo que o objetivo já tinha sido atingido, os estudantes deram o ato por encerrado e começaram a se retirar do local, quando foram surpreendidos pelo homem que se apresentou como o próprio Chico Dólar. Os manifestantes começaram, então, a exigir que ele indicasse o paradeiro dos corpos dos desaparecidos, ao que respondeu: “já que vocês estão me chamando de assassino, eu digo que sou assassino mesmo e que vou matar vocês”. Transtornado, expressando muito ódio, Chico sacou um revólver e começou a disparar contra os manifestantes. Um dos tiros foi com a arma apontada, a curta distância, contra o estudante Leonardo Tonon Machado, vice-diretor da UNE. O último disparo foi na direção de um grupo que estava um pouco mais distante.
Rapidamente, os estudantes se dispersaram para preservar-sem. Quando se reencontraram, decidiram ir a uma delegacia de polícia para fazer um Boletim de Ocorrência. Em resposta, Chico Dólar tem afirmado à mídia que atirou para o alto, em legítima defesa, o que é inaceitável, pois a manifestação foi pacífica e apenas com uso de faixas, velas e cartazes.
O Grêmio do Joaquim Murtinho declara o seu apoio e solidariedade aos estudantes de Mato Grosso do Sul que vivenciaram esse episódio lamentável. E cobramos que as autoridades competentes apurem os fatos, e faça cumprir seu compromisso com a justiça. Em relação aos crimes da época da ditadura, exigimos pela revisão da Lei da Anistia, que a punição ao tenente da reserva José Vargas Jiménez.
Campo Grande-MS, 07 de Abril de 2014.
Grêmio Estudantil Joaquim Murtinho